Aqui caberia, mais ou menos, todo o gênero fougère, que é por excelência o lugar do masculino na perfumaria. Isso num tempo em que o mundo era dividido entre machos e garotas — fougère para meninos, chypre para meninas — mas desde que jogadores de futebol passaram a depilar a sobrancelha e usar hidratante Victoria Secret a coisa ficou complicada. O mundo já foi mais binário.
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Fougère significa samambaia em francês mas deve ser entendido de modo evocativo: eles partem da lavanda para conseguir um efeito herbal, verde, as vezes amargo como tomilho, as vezes mentolado, pontudo, como pinho e eucalipto. Fica impossível não associar com produtos de limpeza: sabonete, pós-barba, desodorante, as vezes Pinho Sol. Ou seja, pode ficar vulgar (barato ou comum), confie no seu nariz e disposição. São perfumes de peito cabeludo, barba cerrada, talvez camisa aberta e correntes, para despertar o George Clooney em você.
Kouros, Yves Saint Laurent
Junto com o Poison (Dior) é o casal maior dos anos 80, que fez uma geração achar que não gosta de perfume. Se o gênero fougère está no banheiro, seja no sabonete ou no desinfetante, Kouros está no mictório: tem uma nota de sálvia tão grande que lembra xixi, pinicando o nariz. No meio disso se percebe rosa e lavanda, combinação clássica do sabonete: tem alguém tomando banho nesse banheiro. Kouros brinca com o sujo e o limpo, que é uma das graças da perfumaria. Li um comentário no Fragrantica que traduz muito bem.
Uma mulher conta que entrou num vestiário do time de rugby depois do jogo, e o ar era uma mistura de adolescentes suados, um eventual xixi no mictório e vapores de sabonete saindo do chuveiro. Não parece com absolutamente nenhum outro perfume, é lindo e um clássico. O erro é exagerar na dose, usando pouco ou só embaixo da roupa não tem erro.
Cool Water, Davidoff
Mesmo sem conhecer você já conhece. Toda marca fez um ou pegou um trecho, todos os produtos masculinos, cremes de barbear, desodorantes, o mais famoso é o gel Bozzano. Apesar de ser incrível, vai precisar sumir por dez anos para conseguir ser visto de novo. Tem um lado lavanda, mentolado, com maçã verde para um frescor molhado. É tão frescor e de bem com a vida que fica difícil não pensar num bicheiro — o carro branco, camisa aberta, correntes sobre pelos, gel e cabelo para trás. Não consigo pensar em perfume melhor para se divertir: uma festa bem animada num dia de verão, ao ar livre, com aquela ameaça de chuva a tarde. Criado por Pierre Bourdon em 1988, o mesmo de Kouros e Bergamotto Marino (Ferré).
Azzaro pour Homme, Azzaro
Aqui aparece o lado amargo/medicinal do herbal que se mantém até o fim do uso. Na saída tem lavanda, mentolada e pinicante, e uma nota de anis que amacia um pouco as coisas. Cheira um pouco datado, a anos 70 e seus bigodes. Uma alternativa no mesmo gênero e com preço só um pouco mais alto é Paco Rabanne Pour Homme.
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