Insensé sofre do mesmo mal que Cool Water e os fougères hoje em dia: a indústria da perfumaria funcional, que fica no fim do corredor da turma da perfumaria fina, foi bem feliz em usar a idéia e colocar nos produtos de todo dia. Não é problema de quem fez o perfume, que é excelente, e sem dúvida é mérito de quem perfumou o produto.
Insensé combina uma lavanda confortável, sem o mentolado cortante tão comum nos masculinos com um pouco de lírio do vale (pense no Diorissimo). O tratamento é levemente leitoso e envolvente, sem um pingo de açúcar, mais uma insinuação de creme que opulência, deixando a sensação geral ainda no frescor. Na saída o perfume ainda tem um leve amargor herbal, que é bem interessante e evita a impressão de sabonete. Mas passando de meia hora só consigo imaginar que alguém saiu de um banho bem gostoso no chuveiro mais próximo, e usou um Lux Luxo cor de rosa.
Ano passado eu estava procurando um banquinho que aguentasse água todo dia para ficar mais uns minutos no banho, num desperdício de demolir qualquer consciência ecológica — eu adoro tomar banho. Mas acho que o cheiro do sabonete está muito bem onde está, sabonete é ponto de partida, não de destino. Depois dele quero outra coisa. E minha fantasia no uso de perfume passa longe do limpo, lavado, escovado, impecável e imaculado que tanta gente procura. Não fosse o sabonete ter usado a fragrância estaria tudo certo.
Se você busca o mítico perfume com cheiro de banho tomado, Insensé é para você. Ou se quer uma lavanda mais cremosa e envolvente, menos mentolada, também vai gostar. Tenho a impressão que é bem confortável para dormir. Não deixe de sentir e tirar suas conclusões. É um daqueles mistérios da distribuição dos perfumes no Brasil, bem complicado de encontrar.
Atualização: essa resenha se refere ao perfume em sua formulação atual.
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