Quanto mais vejo perfume, mais confirmo que tudo é igual a tudo. É mais fácil seguir a trilha de um campeão de venda que arriscar. Vai dando quase um tédio — até que vem alguma coisa interessante de algum lugar. Paco Rabanne 1 Million Cologne foi a última surpresa.
O mais legal é o começo. Um guincho metálico e cítrico faiscando no nariz, borbulhante, histérico. É um efeito cítrico não convencional — não dá pra dizer: oi, laranja; oi, limão — em cima de um acorde aquático que, fomos poupados, não lembra melão e melancia como os perfumes aquáticos dos anos 90 (alô, Issey Miyake!). É hipermoderno e dinâmico.
Mas o mais interessante de tudo é uma sensação alcoólica. Sabe aquele primeiro gole da caipirinha mais pro forte, que você sente o álcool queimar a língua? É isso, só que no nariz. Se os femininos viciam via açúcar, os masculinos vão pela cana.
E funciona pra mim. Não é meu tipo de perfume mas todas as vezes que testei pra avaliar não consegui desgrudar o nariz. Conhaque e whisky, com cheiro de madeira antiga e especiarias, tem um monte por aí — álcool em geral, eu não conheço. Muito esperto.
Se o início é cheio de energia e movimento, o restante do perfume vai na direção oposta. Aparece uma rosa escura, calma, lânguida na sua cama balsâmica de âmbar e com um beijo de canela.
Paco Rabanne embebedando os caras pra perderem o medo da rosa? Talvez.
É este o tema que cresce com o uso, que domina o perfume na segunda hora e que fica na pele no fim do dia. A projeção é bem grande e a fixação também. É pra todo mundo? Não é: a voz é alta e barulhenta (demanda mais energia do que eu tenho, por exemplo). E essa modernidade toda vai espantar quem prefere o velho estilo. É interessante? É muito.
Fiz uma pesquisa rápida e tem umas promos com preço de R$150/75ml. O nome Cologne é pra dizer frescor mas a concentração é de uma Eau de Toilette.