Noa Cacharel – suavidade e conforto

Essa história é sobre suavidade e conforto, de cheiro de limpo sem cair no cheiro de sabão em pó (Tommy Hilfiger) ou naquele loft branco gelado como vidro (Acqua di Gió).

Na saída tem uma nota um pouco plástica que rapidamente se dissipa, então Noa vai por um caminho mais seco que cremoso, embora algo de leitoso esteja lá e não dê para escapar. A impressão talcada é trabalhada de um jeito contemporâneo, não tem a sensação de perfume antigo. Quem faz o cremoso é uma combinação de sândalo, a madeira esquisita com uma faceta leitosa, um pouco de baunilha lá no fundo e um acorde floral de lírio e lírio do vale. Lírio do vale e o adjetivo cremoso com certeza vão lembrar sabonete branco — se alguém pensar num Dove quando cheirar Noa dá para entender porquê. Outras notas florais dão algo de doce, bem pouco. 

Me parece que as maiores qualidades de Noa são dizer limpo sem dizer gelado e não humano; dizer maciez e envolvência sem fazer um perfume pesado como creme amanteigado (Hypnotic Poison). A sensação é de algo seco, leve e com brilho. Se Anais Anais é virginal e inocente, Noa começa a aquecer os tamborins antes de desembocar no vamp LouLou. Faz um excelente perfume para dormir. Foi composto pelo mestre Olivier Cresp (e aqui tem uma entrevista exclusiva com ele).

Noa, Cacharel. R$229, 30 ml. - Nas lojas.

Noa, Cacharel.
R$229, 30 ml.

Nas lojas.

 Imagem: Brancusi, Sleeping Muse

  • Careimi

    Entrou para a lista de desejos…conforto que ainda tem nota de café…toque de mestre! Bravo Olivier!

    • Careimi, eu não pego essa nota de café, não… vou até incluir no texto.

  • Priscila

    Adoro a nota de grama cortada… O café eu sinto, mas não aquele café em grão ou em pó, e sim o cheirinho de café passando, recém feito. É o meu eleito como “office scent”!

    • Priscila, faz sentido, não caberia um torrado ali no meio. Vou voltar para a minha amostra com a sua descrição e procurar melhor, haha. tem toda a cara de office scent, mesmo, o que prova que ela não precisa ser banal.

  • Adoro Noar por aí. Quando não sei o que usar, vou nele.

  • Cinthya

    Uso Noa há anos, é o tipo que nunca falta na minha pequena coleção, mas me frusto por não conseguir sentir a tão falada nota de café… Nem perto. Aliás, não tomo café e não sou muito amiga do cheiro… Frustrante, não?

    Estou apaixonada pelo blog e pela maneira singular que você escreve. Parabéns!

    • Cinthya, também não pego a nota de café, acho que não é a principal história aqui, não. É um cheiro que amo, o grão quando acaba de moer é um perfume espetacular.

      Seja bem-vinda.

  • Amo demais! Um dos poucos perfumes que consegui usar até o fim e o único que repeti. Não sinto café. O ingrediente mais forte que sinto é o coentro.

    • Helen, o Noa é demais mesmo. Sempre volto feliz, poucos conseguiram ser tão confortáveis e interessantes. Pena que a maioria dos perfumes tá preocupado em ser sexy

  • Cris

    Quando o conheci e comecei a utilizá-lo cheguei à mirabolante ideia de que se sonho bom tivesse cheiro, seria o cheiro do Noa. Eu sinto a nota de café bem forte no começo. Acho que é por isso que ele me traz tanto conforto. Aquela sensação de acordar de manhã e sentir o cheiro do café que sua mãe preparou. Esse perfume pra mim é que nem colo de mãe.

  • Maci Nogueira

    Me perdoe por mudar de assunto, mas ainda dentro do tema Cacharel. Conheci suas resenhas hoje e me encantei. Você teria algo a dizer sobre o Eden? É o meu preferido!! O que há de novo que se assemelha a ele? Sucesso e abraço!