Categoria: porque não falei dele antes? Diesel Fuel for Life abre com um efeito que lembra manga, um pouco cítrica mas muito doce e suculenta. Com o tempo fica vermelha como framboesa azedinha, tudo isso naquele tom mais que perfeito de uma propaganda, com as cores saturadas pela luz ideal, a pós-produção impecável equalizando qualquer defeito. Até o doce da história passou pelo laboratório: está mais para adoçante, aspartame, sem o peso e o grude das notas algodão doce/caramelo.
O que impede isso de virar um sabor é um patchuli sequinho, limpo, moderno, pinicando de leve o nariz, sem a parte terrosa/mofo/fundo de armário, que lembra aquela diretora da sua (minha) escola que viveu os anos 60 e 70, e era anunciada 500 metros antes de chegar na sala de tanto patchuli.
No fim a graça é essa mesma: conforme o tempo passa, mais o perfume lembra aqueles chicletes japoneses de melão, numa caixa quadrada com quatro bolinhas dentro. Apela ao paladar de um jeito engraçado, sem ficar sorvete na testa. Tem cara de noite barulhenta, drinks coloridos e Neosaldina pela manhã, aquele lugar preciso que um chypre elegante (que adoramos) vai ficar deslocado.
Diesel Fuel for Life é meio parente de Insolence, eles dividem o olhar pras coisas do homem como inspiração, sem sair com um produto conceitual demais, cerebral demais. E entregando tudo o que o povo quer: grande, fruta, doce. Os caras também podem se divertir: contradizendo a regra, o masculino é uma ótima tradução dessa idéia de fruta do futuro para o contexto fougere, que é o lugar clássico do masculino na perfumaria. Assim que botar a mão numa amostra resenho com cuidado.