Só de encontrar um perfume masculino que não busque o eterno frescor aquático, mentolado, já é um alívio. Se é bem feito e inclui tabaco — o mundo sempre vai precisar de mais um tabaco bem feito –, é hora de comemorar.
Spicebomb é menos o que o nome promete, uma bomba de especiarias a transformar quem usa num curry ambulante (exagero meu, tem maneiras infinitas de fazer uma bateria de temperos funcionarem como perfume). O caminho é o do meio, um perfume cálido mas ainda com bastante ar, que não precisa de temperaturas glaciais para funcionar.
A saída tem o cítrico elegante e familiar da toronja, com um pouco de amargor do açafrão. Entre as especiarias o que aparece mesmo é canela e pimenta rosa, uma falsa pimenta, que tem um aspecto frutado. Ela é o centro do núcleo adocicado do perfume, junto com tabaco, com seu acento caramelo e o efeito balsâmico, também adocicado, da resina chamada elemi. O conjunto é elegante de ponta a ponta, um pouco enfumaçado, escurinho, de sensação lânguida mas com alguma transparência, sem vestir pesadão. Spicebomb é o melhor e o mais original dos perfumes Viktor & Rolf, ao invés de seguir as tendências mais surradas do mercado (gourmands), está apontando: o lançamento Bulgari Men in Black vai pela mesma trilha. Vai funcionar super bem em mulheres.
Criado por Olivier Polge, de Dior Homme, perfumista que vai assumir a cadeira do pai na Chanel.