Essa é uma rosa complexa, úmida na saída, com um lado frutado que parece uma amora azedinha mais um aspecto amadeirado levemente animálico no fundo. Mas essa não é uma história sobre fruta e doçura. Com o tempo esse amadeirado vai se transformando, ficando cada vez mais seco, mais espinhento, a ponto de arranhar o nariz e ganhar uma difusão bonita. Aqui talvez valha um aviso: tendo a ser bem sensível a esse tipo de nota, a sensação é que estão lixando o fundo do meu nariz: tenho uma rinite eterna, este não é um bom endereço para brincadeiras de pinicar.
Foto: Robert Mapplethorpe
É um efeito meio duro, pontudo, “masculino” (aspas para não entrar na discussão), que o Jean Claude Ellena faz ficar suave e abstrato no Terre d’Hermès, ou aparece querendo te matar pelo nariz no Paco Rabanne Black XS L’Excès. Primeiro achei ruim, parecia defeito, mas voltei tanto para sentir que era amor, um morde-assopra muito legal. Uma rosa nada girlie, de impressão adulta e com transparência — pode funcionar para mulheres que curtem perfumes secos ou dândis atrás de uma rosa mais figurativa. Criado por Edouard Fléchier para a editora de perfumes de Frédéric Malle.