Clássico couro da casa dos couros. Se existe uma régua invisível na perfumaria que traça a linha que liga o couro durão ao luxuoso, sendo Chanel Cuir de Russie o mais luxuoso e Knize Ten o mais durão, Bel Ami pende para o durão. A saída é marcadamente masculina, herbal, com lavanda, uma fumaça ao longe e o cominho bem presente. Aqui a impressão é bem seca, levemente amarga e profundamente animálica pelo cominho, que é o civet do nosso tempo, e pelo castoreum, que dá um traço levemente azedo e oleoso como pelo de cachorro. Sem medo, o couro é pele, lembra? Ao longo do tempo a coisa vai se arredondando pela maciez, o dourado e nhamnham do âmbar, com seu caramelado. Se a secura da saída pode assustar, o âmbar pede um abraço no fim. Mas não é um abraço carinhoso de mama, é cheio de terceiras intenções, com os tons animais e escuros do couro todos ali. Pena que a marca foque nos lançamentos para o mercado brasileiro, Bel Ami não é vendido aqui.
E aqui vem a novidade: Bel Ami acaba de ganhar um flanker. Bel Ami Vétiver foi lançado na Europa no fim do ano passado, junto com o novo desenho dos frascos da coleção clássica: Eau d’Hermès, Calèche, Equipage, Amazone, Bel Ami, Rocabar, Hiris e Rouge estão de roupa nova. Os novos frascos são mais uma atualização do anterior, atrás dos rótulos foram estampados desenhos como os que fazem parte da comunicação visual da empresa.
A notícia que se espalha é que novos flankers serão criados para todos os perfumes da coleção, que continuam a ser fabricados. Testei rapidamente Bel Ami Vétiver e de fato é um filhote do original, a relação entre os dois perfumes é total. A nova versão me pareceu um pouco (só um pouco) mais arejada e luminosa, com a nota distinta de vetiver ali no meio. É um belo perfume. De qualquer forma, é muito provável que Bel Ami Vétiver seja vendido no mercado nacional — vamos torcer para que os clássicos também venham.