Madonna Truth or Dare – Tuberosa gourmand

Truth or Dare faz parte do pacotão de perfumes importados que chega no Brasil pelas mãos de (ma ôe!) Silvio Santos, através da Jequiti. Não sei se importam o líquido e embalam aqui ou o que, os fatos são: chega um pouco mais barato que coisas na mesma faixa (R$150 por 75 ml) e apresentado como colônia desodorante. A indústria nacional faz uma certa confusão rotulando tudo como deo colônia ou colônia desodorante, desde linhas de “águas”, mais próximas de águas de colônia, até perfumes vendidos como eau de parfum no exterior. Colônia desodorante, no caso do Truth or Dare, equivale ao eau de toilette.

Madonna já declarou usar Robert Piguet Fracas, que conquistou para si o título de tuberosa de referência. Fracas é obra da perfumista Germaine Cellier e criado em 1948. Como se não bastasse o choque de uma mulher perfumista nessa época, a lenda — e na perfumaria lenda é a terceira margem do rio — é que Germaine era lésbica. Fofocas a parte, Truth or Dare puxa a tuberosa para o contemporâneo com um fundo gourmand.

Em Truth or Dare a tuberosa é acima da média, bastante bem construída. No começo é levemente frutada e úmida como maçã. Rapidamente a flor ganha bastante corpo e o perfume, espessura. Aparece um fundo cremoso, leitoso e bastante açucarado, com um pouco de côco mas sem delírio tropical. Ao longo do tempo a tuberosa vai se quebrando nas suas partes e fica mais evidente um acorde fruta vermelha e azedinha. Tem excelente projeção e ótimo preço pela qualidade do perfume. Se a idéia de uma megaflor gourmand é para você, aproveite. O frasco parece um caixãozinho.

Truth-or-Dare-by-Madonna-bottle-shot

Truth or Dare, Madonna.
R$149, 75 ml

Através de um revendedor Jequiti

 

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  • Priscila

    Assim, não entendo muito de estratégia de marketing, mas reza a lenda (entre lojistas e importadores locais) que as fragrâncias da Britney Spears perderam prestígio depois da distribuição nacional pela Jequiti – dizem que o público anterior associa os produtos com o ‘populacho’ atualmente e não compra mais! (Mas não sei o que é verdade e o que é recalque das inimigas!) Esse é outro caso de adaptação ao mercado nacional, e, popularizando ou não, só torço pelo bom senso na hora de usar – tuberosa potente às 9h da manhã, pode prometer uma enxaqueca o dia inteiro!

    • Priscila, estou super de acordo com o bom senso – mas não botaria minha mão no fogo!

      Do meu lado sou super a favor da popularização de todos os perfumes, mais concorrência faz todo mundo ficar esperto e suar a camisa para entregar um produto (no melhor dos casos) melhor, ou no mínimo, que se destaque. E acabar com essa suposta vantagem do importado.

  • Diana Alcantara

    É bonito, o Truth or Dare! O Fracas dos tempos atuais, revisto e com algo docinho mordível no final. Maria-mole, eu acho!
    E a indústria nacional coloca tudo como desodorente colônia por uma questão de impostos, li em um livro sobre.
    Meio fetichista essse caixãozinho de rebites né? E essa cruz aí no meio do vidro? Sugestivo, cheio de possibilidades…

    • Diana – é isso, maria mole! Cheguei a pensar em marshmellow mas não era isso, fiquei sem imagem. Acertou em cheio.

      A Helen Fernanda me deu uma aulinha sobre essa questão dos impostos e rotulação. Mas que livro é esse? To precisando entender melhor.

    • Diana, achei essa matéria falando sobre isso. Só não sei se acredito porque tem um erro sobre concentração de fragrância logo no começo, que faz desconfiar de todo o resto. Mas aí está: http://vida-estilo.estadao.com.br/noticias/beleza,do-mundo-para-o-brasil,1518899

  • Rick Gnoato

    Eu acho ele muito parecido com o Eau de Parfum Roberto Cavalli feminino.

    • Obrigado pela dica! Não conheço o Cavalli, vou procurar para testar.

  • Ubiratan

    Dênis, compro às cegas muito perfume de tudo quanto é família olfativa. Chegando ao centésimo vidro, tenho muita mistureba e assim muita coisa entulhada. Mas neste caminho “a fuça” evolui, fica chata e o crivo para gastar com perfume aumenta. Sempre houve algo no Poison da mamma que me fascinava…depois ocorreu o mesmo com o Belle France da Mahogany e.. plim, descobri! É ela, a Angélica, que mexe com o meu ser, rs! Meu Truth or Dare levanta meu astral na hora, é viciante, que delícia de perfume. Quero ainda cheirar o Tubereuse criminelle que vc resenhou aqui e, abusando um pouco e mudando de família: venho namorando L’Heure Blue e pergunto: seria bem recomendado? Abs.

    • Ubiratan, o L’Heure Bleue é incrível. Tem flor de laranjeira e um acorde heliotrópio que parece um mil folhas de amêndoa flutuando no ar. Tem algo de penetrante, intoxicante, com um rastro lindíssimo. Se gosta de orientais e flores grandiosas, vai ser bem feliz.

      • Ubiratan

        Sua opinião fechou negócio: rumo ao L’Heure Bleue! Obrigado.