Perfume de celebridade é igual escargot, tem que suspender o juízo pela aparência, pela imagem surrada que a gente carrega e julgar pela sensação. Para dificultar, o frasco de Covet parece um registro de água. Mas é o momento de ser uma pessoa acima desses valores mundanos desprezíveis e avançar com dignidade.
A saída fica entre um chá de erva cidreira e uma impressão de plástico, daquele jeito que o cheiro de plástico é gostoso. Depois ganha em acidez e maciez de amido, na direção de alguma coisa entre torta de limão e bolacha maizena, que tem um azedo no fundo. O interessante é que as notas vêm todas de uma vez, dá para separar mentalmente mas é legal quando todas aparecem juntas, que parece que termina o perfume e começa uma outra coisa.
Tem uma doçura leve, longe das bombas que aparecem aí. Parece uma sobremesa cremosinha, docinha, azedinha, aeradinha, que você pede no restaurante e ela vem num copo de plástico duro, transparente, que só de olhar você já sabe que gosto tem. Ou aquelas tortas Miss Daisy, perfeitamente descrita como sobremesa cremosa. Precisa dizer mais? Não vai resolver o desejo de sofisticação de ninguém mas a textura diverte enquanto você come, e resolve o problema de glicose que te ataca.
Testando na pele as notas aparecem em separado, de um jeito que é menos interessante que o efeito do conjunto. Melhor espirrar na roupa. Ao que parece foi descontinuado mas ainda é possível encontrar nas lojas online.