Resenha: Yohji Homme, Yohji Yamamoto — (Re)lançamento

Bom, pelo menos as preces de alguém são ouvidas. Yohji Homme foi um dos dois perfumes descontinuados incluído no Perfumes: The A-Z Guide, de Luca Turin e Tania Sanchez, “na vaga esperança de que os deuses tragam os mortos de volta para vida”. Ambos foram avaliados com cinco estrelas — o outro é Le Feu d’Issey, de Issey Miyake, lançado seis anos depois de L’Eau e que nunca vendeu como o irmão mais velho. Yohji Homme é a fragrância masculina do sensacional estilista japonês Yohji Yamamoto, foi lançada em 1999 e descontinuada em 2009, quando a marca faliu.

Yohji Homme ad

O perfume voltou ao mercado em abril deste ano. Não conheci o primeiro mas tudo bate com a descrição de Luca Turin. É um pós-fougère, um fougère se afastando do gênero e caminhando ao gourmand graças a uma nota alcaçuz. Ela está na frente com sua faceta doce e que cola no dente, bem pronunciada, que lembra cheiro de xarope de bordo, o maple syrup que os norte-americanos jogam em cima da panqueca. O áspero, verde e amargo do fougère, com um toque de menta, é apenas um traço no fundo, polido e arredondado pelo alcaçuz. Um risco do adocicado é o sufocamento mas aqui não é o caso, a sensação é simples, legível e bastante luminosa.

Lembra Guerlain Homme, que é menos adocicado e mais fougère, e Body Kouros, meu primeiro perfume, que cai para a direção gourmand, ambos posteriores a Yohji Homme. Também pode ser uma alternativa mais adulta a Lolita Lempicka au Masculin, também gourmand e com nota evidente de alcaçuz.

Em concordância total com as roupas de Yohji Yamamoto, a impressão é mais de transformação do que é tradicional masculino em algo que se mantém dentro do código mas menos localizado num tempo e espaço específicos — fougère em Paris, 1882, o terno como o conhecemos, principal objeto do estilista, na Inglaterra do século XVIII. Mesmo não sendo o meu tipo de perfume fiquei com vontade de fazer a clássica compra aspiracional: já que não posso pagar a roupa, deixa levar esse perfume aqui…

E você, gosta de perfumes gourmands para homens? Por que? Qual o seu favorito nesse estilo? Acha que os fougères, uma estrutura com mais de cem anos, continuam atuais? Que perfume você comprou consciente de não gostar muito mas por desejo de entrar no universo de uma marca? Deixe sua participação nos comentários.

Yohji Homme, Yohji Yamamoto

Yohji Homme, Yohji Yamamoto.
40 euros, 30 ml (?)

Nas lojas Yohji Yamamoto.

  • Eu gosto sim dos gourmands ditos masculinos, porque acho a maioria bem compartilhável. O meu favorito nessa linha é com certeza o New Haarlem, sinto bastante uma vibe de maple syrup nele, adoro isso. Creio que a família dos fougéres sempre existirá e sempre fará sucesso, não é dos que mais curto, mas sei apreciar um bom fougére. Nunca me aconteceu de comprar para entrar no universo da marca, mas já pensei e ainda penso em comprar pela obra em si, pelo significado de determinado perfume, um que eu penso em ter mais por apreciar a obra do que por gostar na pele é o Avignon. Um abraço, Dênis

    • Dênis Pagani

      Abraão, fiz isso semana passada, comprei um Diorella vintage pq achei e para conhecer a maravilha mais perto do seu estado original.

      dos fougère prefiro os amargos tipo Paco Rabanne e ainda vou ser muito feliz com um Cool Water num verão bem quente. mas meu gosto vai mais pro pesado ou para a colônia.

      e vou achar um New Harleem para testar, valeu a dica. Abraço!

  • Guto

    Cara, esse entrou na minha wishlist agora mesmo! Que notícia boa. Ele é fabuloso, tenho essa queda pelos gourmands com esse toque fougère.
    A propósito, vocês já testaram o Azzaro Pour Homme L’Eau, é tão sutil e dócil, mas ao mesmo tempo tem aquele apelo sensual (aqui mais discreto, quase tímido) do pai, o Azzaro Pour Homme. Vale a pena conhecer.

    • Dênis Pagani

      Guto, essa onda L’eau que vem vindo forte nos últimos anos a princípio não me anima muito mas vou procurar sua recomendação.

      • Guto

        Dênis, sinto informá-lo, mas o Azzaro L’Eau foi ainda mais diluído. Perdeu até mesmo a identidade. Um tiro no pé dessa grande Maison. Talvez seja possível ainda verificá-lo aí na Europa, indo a diferentes fontes de venda.

  • Pingback: Alfabeto: F de Fougère | 1 nariz | é sobre perfumes()

  • Monica Crismini

    oiee,
    Parabéns pelo site, bem escrito, diversificado, muito interessante e super bom gosto.
    vou te mandar um email…
    bjs

    • respondi seu email, monica, veja se te serve de alguma coisa. volte a escrever com impressões!