A perfumaria da Comme des Garçons é toda cores em 2013. Acabam de lançar três perfumes chamados Blue para se juntar a Black, que é do início do ano. Eles foram lançados semana passada em Berlim e o 1 nariz conheceu em primeira mão. Esses trio chega ao mercado americano em agosto.
Faz parte do material promocional um pequeno vídeo com cada perfumista explicando a própria criação. Bem pé no chão, falando do ponto de partida e das relações de contraste entre os materiais, tratando o perfume como construção intencional e esmiuçando para o consumidor, que é tratado com inteligência. O marketing do não-marketing usado de um jeito legal. Palmas. Infelizmente não encontro online, se acontecer aviso aqui.
Segundo a marca a proposta é o contraste: o frio do azul contra o calor das matérias primas que dão nome. Mas no teste eles são mais Blue que qualquer coisa, o segundo elemento está no segundo plano. Blue Cedrat foi o menos interessante num primeiro teste. O cedro é bem discreto, nada cremoso, juntado com uma rosa com traços metálicos. A impressão total é mais da rosa gelada que da madeira, um efeito banho/limpo/sabonete que já foi tão usada e acho tediosa em perfume. A imagem que me veio na hora foi dos Kenzo Homme, limpinhos e transparentes, mais um ângulo metálico. Precisa?
Blue Encens combina o incenso com canela, uma especiaria quente. Aqui o contraste está mais claro: ambos tem um ângulo ardido/mentol/canforado que funciona como um Trident de canela, que esquenta e gela a boca ao mesmo tempo. De novo, o incenso é mais complementar que figura central. É o mais quente dos três: a canela desequilibra o jogo e se sobressai. Canela não é doce mas a eterna presença nos doces deu essa impressão, tem um peso que me pareceu desconfortável para o verão. Mas talvez seja confortante no inverno como um incenso pesado é, de um jeito quente/frio.
Blue Santal foi meu favorito. Ele lembra Incense Kyoto porque tem cheiro de cipreste, resultado do acréscimo de zimbro na fórmula. O sândalo, que conhecemos daquelas bolotas de perfumar armário, tem um ângulo picante como pimenta do reino, que amplifica o canforado/mentol do zimbro. Gosto bastante desse efeito gelado e florestal, um outro tom de verde que cai bem no nosso clima úmido, que complica mais para perfumes do que sendo apenas quente. O gelado/cortante do mentol vai abrindo caminho no ar a 90% de umidade e é uma alternativa ao perfume cítrico e verde, que em geral é ao que se recorre no clima quente. Blue Santal foi criado por Antoine Lie, do terrível Sécretions Magnifiques para o Etat Libre d’Orange, entre muitos outros. Mas de todos os lançamentos da casa ainda fico com a fumaceira de Black, porque fumaça é minha nota-fetiche e por combinar usável com uma dose de estranho.
E você, qual é sua escolha de perfume nos dias mais abafados do verão? Você gosta desse efeito gelado/mentol? Por que? Quais são seus favoritos nesse estilo? Deixe sua contribuição nos comentários.