Oud é o resultado bem-vindo da infecção de árvores do gênero Aquilaria por um fungo. Como defesa a árvore produz uma resina escura e altamente aromática. No universo do vinho acontece coisa parecida quando uvas brancas são atacadas pela botrytis cinerea, também uma doença. Ele se alimenta do líquido da fruta, que aumenta em concentração de açúcar. Quando vinificadas resultam num belíssimo vinho de sobremesa — com cheiro de cola de carpete — cujo nome mais famoso é Sauternes. Não por acaso os franceses a chamam pourriture noble (podridão nobre).
A árvore é típica do Oriente Médio, onde o gosto é por perfumes suntuosos, opulentos, diluídos em óleo. Tive a oportunidade de cheirar um feito ao gosto tradicional: tem aspectos de fumaça, madeira, é escuro, animálico, amargo, picante, denso que quase se pode cortar. Por algum motivo os últimos anos viram vários lançamentos que tem o oud como base e a disposição parece continuar em 2013.
New York Oud não é nada tradicional, o oud é usado de forma a fazer um floral-frutal fora de esquadro, unissex e de baixa caloria. Na saída há uma nota enorme de açafrão, que amplifica a faceta que tem em comum com o oud, amarga e adstringente. Chama atenção pelo estranho da coisa, de incomum que é a nota. Depois a coisa segue um caminho que reúne algo que lembra bala de cereja e rosa. Extrapolando o efeito picante do oud entra patchuli e uma super dose de musk. New York Oud é de 2011, a combinação oud + patchuli + musk já apareceu no Accord Oud (Byredo) em 2010 com o mesmo resultado: coceira no nariz. Desconfio que sou hiper sensível a algum deles de tanta atenção que me chamam, mesmo assim, para o meu gosto é o aspecto menos interessante do oud. Quem procura oud vai se decepcionar, para um floral-frutal esquisito (no melhor sentido) funciona. O preço é alto. Faça as contas.