“Você não está vestido sem perfume” (you’re never fully dressed without perfume). “Uma mulher que não se perfuma não tem futuro” (Coco Chanel). O mundo é craque em produzir ansiedade, em plantar pistas que levam até a loja mais próxima. E para quem morde essas pistas, é para comprar QUALQUER perfume. E isso é uma pena.
Perfume é o melhor substituto a ter uma banda atrás de você o dia inteiro, tocando a música que você escolheu. (Queria muito que essa frase fosse minha mas é da Tania Sanchez.) Perfume dá um tema, o pano de fundo, cria um clima — pensa nas trilhas do Hitchcock pra ter a dimensão real de quanto isso é importante.
Em cada frasco tem uma história que a gente lê e reconta para o mundo toda vez que usa. Alguma característica que a gente identifica, que usa para mobilizar um lado nosso que precisa de um sublinhado de vez em quando (ou o tempo todo).
Tudo é consumido por identificação: para pertencer a um grupo (ou não pertencer a outro), por compartilhamento de valores, de filosofia. A indústria captura essa noção dizendo “um perfume para mulheres sexy” — mas todo mundo é sexy do mesmo jeito?
Perfume é um jeito incrível de se conhecer, se a gente consegue dar uma segurada no barulho do mundo — propaganda, vendedor, lançamento — e achar a ponta do novelo. Que tal, na próxima ida a uma loja, pensar que história você está procurando? O que você quer ler, o que você quer encontrar? O que você quer contar para o mundo?
Foto: Andreas Gursky, Toten Hosen