Cerejeira zen | Assinatura olfativa da Japan House SP

Sakura

Desde que a Japan House abriu em São Paulo virou um programa para mim pegar um matcha gelado no café e folhear os livros que ficam na parede oposta. Ou só buscar o matcha mesmo, rapidinho, e voltar para a Paulista para resolver coisas. Dessas saudades que surgiram no último ano. Nem vou comentar das exposições ou do restaurante, que também amo.

Eles permanecem abertos, eu é que não fui. Mas já sei que quando estiver lá vou sentir uma fragrância inspirada numa das quatro estações do ano. Desde o segundo semestre de 2020 cada estação do ano ganhou uma assinatura olfativa nos ambientes da Japan House.

Conheci duas delas e a JH Primavera me encantou. É inspirada pela sakura, a flor da cerejeira ornamental, que marca o início da primavera no país. A fragrância é super delicada, floral, leve, um pouco leitosa, suavemente amendoada, bem naquele quase amargo onde o sabor da cereja e da amêndoa se cruzam.

A florada é uma atração do país, a ponto dos sites de turismo manterem uma previsão do período — este ano deve acontecer mais cedo que o comum. Faz sentido: “Entre começar a abrir, atingir seu auge e começar a cair, é coisa de duas semanas”, me conta Piti Koshimura, autora do blog e podcast Peach no Japão e curadora da Momonoki, plataforma de cursos sobre cultura japonesa.

O ato de apreciar as flores tem até palavra própria: hanami. “Significa ‘ver as flores’ e contemplar não só a beleza mas a consciência de que tudo é efêmero. A flor simboliza que precisamos estar presentes no momento, porque tudo é transitório. Ela marca a saída do inverno, que é bem rigoroso em várias regiões, essa época de ficar mais na rua e o momento de transformação. Os restaurantes mudam o cardápio, aparecem doces com sabor sakura, o Starbucks lança uma bebida”, conta Piti.

Se você visitou a exposição da Maki Ueda na própria Japan House, artista japonesa que explora o universo olfativo, sentiu fragrância parecida no labirinto de frasquinhos suspensos que ela criou. Na ocasião Maki contou que é costume que as empresas façam um piquenique sob as cerejeiras em flor. Convocam o funcionário mais novato e ele tem que ir bem cedo para o parque, achar a cerejeira mais perfumada e guardar o lugar para a turma, porque o programa é concorrido. Sempre sobra para o estagiário.

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