Estamos a cinco semanas do início da primavera: ou se faz um apanhado agora ou o tempo começa a esquentar e vira assunto velho. O inverno e o outono são minhas estações favoritas para usar perfume — a umidade está sob controle e não sufoca, a temperatura permite âmbares opulentos, couros envolventes e indulgência de baunilha. Estes são meus favoritos deste inverno, sem ordem específica de preferência. O que você tem usado?
Bvlgari Black
Recomprei essa delícia há duas semanas — o meu anterior tinha fritado na luz da prateleira do banheiro, contei a história aqui. Baunilha na sua versão urbana, com uma nota verde-amarga que segura a doçura e não deixa dar cárie. Junto com um acorde chá defumado (lapsang souchong) o resultado é cheiro de borracha, como câmara de pneu novinha. A melhor definição possível é de Denyse Beaulieu: Shalimar, a clássica baunilha da Guerlain, para replicantes. Bela difusão e tenacidade.
Cuir de Russie, Chanel Les Exclusifs
Brilhante, grandioso, saída rica em flores, cheio de íris, mais umas faíscas de aldeídos abrindo caminho para o couro macio e bem trabalhado. Luva de pelica ou banco de trás do Bentley do padrasto, segundo a boa imagem de Luca Turin, esta é hora de aproveitar o couro mais luxuoso da praça que ele não gosta de umidade.
Ambre Sultan, Serge Lutens
Uma combinação de resinas vegetais (e tem uma curvinha que me lembra cravo, bem pouco, não sei se é ilusão olfativa) para um abraço dourado profundo, carinhoso, lembrando baunilha ao longe. Estou usando uma amostra, dividido entre usar tudo de uma vez para ser muito feliz por um dia ou de pouco para fazer render. Se alguém tem dica de um âmbar delícia aí nesse mercadão de Meu Deus, favor contribuir, criança doente.
Incense Avignon, Comme des Garçons
Mirra e âmbar, a mirra com seu lado cítrico, agudo e canforado, mesclada ao calor resinoso do âmbar. O incenso aqui é central e poderoso, uso no verão pelo cítrico arriscando um efeito de-jaqueta-na-praia, no inverno pelo âmbar. Linda criação de Bertrand Duchaufour.
Après L’Ondée, Guerlain
Clássico de 1906 da Guerlain, com íris e violeta, esta última oscila entre o floral e um cheiro de amêndoas. A idéia aqui é mais contra-atacar com um pouco de cor — cinza roxo pálido — e luz nos dias de cinza mais terrível. É de baixo volume mas grande fixação, perfume para si.