Na primeira parte falei da organização da indústria, quem contrata quem na hora de criar um perfume e o que é o briefing. Hoje é o dia de apresentar o avaliador. Ele trabalha ao lado do perfumista e de uma figura de vendas que é responsável pelo atendimento ao cliente.
Se chamarmos o perfumista de “nariz”, como é comum, um termo que não gosto muito porque não inclui o lado mental e criativo do trabalho — não basta ter o nariz em si, sem o cérebro nada se faz –, se pode dizer que o avaliador é um nariz mas não um nariz criador. Ele tem o treinamento técnico ligado a matérias primas mas não participa da criação diretamente, modificando proporções, alterando a fórmula. Ele funciona como um olhar de fora para o perfumista, do alto, entende bastante de mercado e da marca com quem trabalham. Seus comentários estão mais no âmbito da sensação geral, apontando direções para que o perfumista trabalhe usando as ferramentas que domina. Quando a casa de fragrância ganha a concorrência para o lançamento de um perfume, o mérito é dessa dupla.
Imaginei que pudesse existir algum tipo de bonificação específica quando isso acontece, da mesma forma que um vendedor é premiado quando faz a venda. Mas até onde consegui pesquisar existe um bônus anual ligado a performance da empresa, ou seja, um sistema de bônus mais parecido com o de executivos com que o de vendedores.
Na França a formação é na mesma escola que forma perfumistas, chamada ISIPCA (Institut Supérieur International du Parfum de la Cosmétique et de l’Aromatique), que exige uma graduação em química. No Brasil a formação do avaliador é através de treinamento na própria indústria, portanto a parte acadêmica pode variar bastante: administração de empresas, marketing, comunicação, tudo serve. O essencial é a habilidade sensorial e interpessoal, de comunicação, para lidar com a equipe e com o perfumista. O mercado nas casas de fragrância é ainda menor para o avaliador que para o perfumista — são cinco casas de fragrância no mundo, que no mercado brasileiro tem seis perfumistas e quatro avaliadores cada. Sentiu o drama?
[Parte 1 – Esta é a parte 2]
Pingback: Como nascem os perfumes, da idéia para a prateleira — Parte 1, o briefing | 1 nariz | blog sobre perfumes e resenhas()
Pingback: Quero ser perfumista, quero fazer perfume: cursos e formação | 1 nariz | blog sobre perfumes e resenhas()