Tenho preferido perfumes mínimos — aliás, tenho é conseguido. Justo eu, que já fui sentido da outra ponta do quarteirão usando florais com a densidade do Copan, vestindo incensos bíblicos debaixo do verão tropical. Colônias rápidas, florais que deixam ver o que está embaixo, madeiras transparentes, é para onde a mão vai. Se quero por que quero algo mais parrudo, aplico muito pouco, por baixo da roupa. São coisas que não consomem muita banda do meu cérebro, que está empenhado até a última bainha de mielina nas atividades neuroplásticas requisitadas pela pandemia. Mas um encontro me fez pensar se não tem mais em jogo.
Tive um date há um tempo e fiquei surpreso que me frustrei por ele ter chegado perfumado. Meu normal é uma curiosidade em que vale meio tudo. O perfume era bom e a companhia, excelente. Assuntos fluíram, corpos se entenderam, estava tudo certo. Muito, mas muito melhor que a média.
Percebi ali na hora que queria uma experiência mais direta da pele no sentido do olfato, ter mais um marcador do corpo junto do meu. O perfume do sabonete seria ok, um resto de perfume passado de manhã estaria melhor, um banho de manhã e o encontro à noite seria ideal.
Depois do isolamento, a vontade é de contato humano com menos mediação? Como a pandemia mexeu com suas vontades de perfume? Já te aconteceu algo parecido num encontro? Você gosta de perfumes provocadores que exploram notas corporais?