Tecnicamente ainda é permitido falar do ano passado? Chamei algumas amigas para dizer três coisas que aprenderam sobre perfumaria em 2013. Sempre bom aproveitar a experiência dos outros, quem sabe acelera algum cair de fichas para quem lê?
Imagem: LWR via flickr
Diana
- A beleza das matérias primas brutas: a fumaça do olíbano, o óleo essencial de petitgrain, a fava da baunilha utilizada em preparações culinárias…
- As diferenças entre a perfumaria européia e a americana, pelo mestre Jean-Claude Ellena em palestra memorável, na companhia do Dênis!
- Aprendi que o título ‘perfumaria de nicho’ não é garantia de coisa boa. Pode ser sim garantia de coisa cara, mas boa… não necessariamente. Então tente conhecer antes de investir seus ricos dinheirinhos. Se não tiver acesso, mire e atire sem medo em Serge Lutens e L’Artisan Parfumeur.
Diana é psicóloga, headbanger, fala pelos cotovelos, estabanada e louca por perfumes desde criancinha. Escreve no A Louca dos Perfumes.
Careimi
- Sair da rotina. Em 2013 o sair da rotina para mim foi ousar usar os perfumes masculinos que adoro. Sempre recomendei a namorado e os outros homens da minha vida. Ousei usar mais alguns e me aventurei a experimentar outros e se gostasse, comprar e usar. Também foi ano de experimentar misturas de perfumes (layering) e notas que nem sempre me atraiam. Abrir o nariz para o novo! Acabei por descobrir outros gostares de cheiros. Expandi horizontes. Diversão pura!
- Praticar a virtude da paciência. Esperar… poupar para “o”(s) perfume(s). Com os preços na estratosfera aqui no Brasil para tudo, 2013 foi o ano de poupar, me programar, esperar… e botar a lista dos desejos em dia quando viajo ou quando alguém pode trazer o que quero. Como gosto de experimentar coisas diferentes, ainda tem muita coisa que gostaria de cheirar (e depois ver se vai rolar a compra) e que nem tem promessa de vir para o Brasil. Quando viajo pesquiso muito antes e vou com lista na mão e sempre me surpreendo como a política de amostras de perfume lá fora é camarada. O nosso varejo por aqui tem muito a aprender e a botar em prática. Se somos o futuro para o consumo mundial de perfumes, mudem já!
- Achar a turma. 2013 foi decididamente o ano de procurar e achar a turma dos afins no assunto perfumes. Quem gosta de cheiros como eu quer mais que o perfume. Quero ler, ouvir, papear, fofocar, trocar, conhecer gente que vivencia o assunto. Foi o ano de ver ao vivo o perfumista que admiro a anos. Foi o ano de achar bons blogs sobre o assunto e saborear as outras linguagens sobre os cheiros. Foi o ano em que mais entrei e saí de lojas sem comprar nada e cheirar tudo.
Careimi é curiosa por cheiros desde criança, virou bióloga. E continua as práticas acima em 2014.
Vanessíssima
Em 2013 eu aprendi que cuspir pra cima é bom. Na volta, refresca. Sim, porque esta que vos escreve tomou tanta cusparada na cara que por pouco não pegou gripe. A tal lei do retorno me refrescou a fuça. E me acordou pra vida. E me abriu ao novo.
Eu garrava ódio de figo e acabei me apaixonando por um. Milagre? Macumba? Não sei. Só sei que quando vi tava caidinha de amores pelo marotíssimo Un Jardin en Méditerranée, da super Hermès. Ellena é meu pastor e nenhum figo me faltará, amém! Me tornei a doida do figo. E agora sou obrigada a dormir com um barulho desses.
E depois fraquejei de novo. E a bola da vez foi Chanel, grife pela qual não nutria nenhum apego. Na real, Chanel me era algo assim-assim. E virou uau-uau. Passei a amar com louvor dois representantes da casa: N°19 (floral amadeirado verde lindo obrigada) e N°5 Eau Première (Chanel Nº 5 ½CH, homeopaticamente falando). E veja só, eu, que sou das letras, me joguei nos números.
Sei que não devia mas ouso te convidar: cospe pra cima você também! O crime compensa. Eu não devia misturar cuspe e perfume no mesmo texto. Agora já foi. E cá entre nós, não existe boniteza sem um pouquinho de sujidade, né?
Vanessíssima é uma vã mulherzinha. Que expele palavrinhas. E que também é Van. E de coloridos modos. E de sonoros tempos. Em suma, de aromáticos ares. Escreve no van mulherzinha.